Atividade 6 - Análise da propaganda 'Vamos Marcar'
Olá, pessoal! Como estão? No post de hoje farei uma análise multimodal da propaganda ‘Vamos Marcar’ produzida pela empresa da cerveja Stella Artois. Para isso, utilizarei as categorias propostas por Lim-Fei e Tan (2017) - especificamente mensagem, envolvimento e forma - para responder a seguinte pergunta: “que tipo de estratégias persuasivas multimodais podem ser identificadas, na publicidade, à luz dos estudos de Lim-Fei e Tan?”. Aproveitem a leitura!
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1. INTRODUÇÃO
No contexto contemporâneo de estudos da Multimodalidade, diversas perspectivas teóricas vêm oferecendo novas possibilidades para a análise de textos multimodais. Entre elas, o estudo de Lim-Fei e Tan (2017) fornece uma adaptação das metafunções de Kress e van Leeuwen (2006), em que os autores buscam permitir a análise de diversos tipos de textos visuais.
De acordo com os autores, textos visuais podem ser compostos pela metafunção mensagem, a qual é subdivida em propósito, apelativo, representacional e contextual. Lim-fei e Tan (2017) afirmam que uma composição visual pode possuir um propósito educacional, de entretenimento e/ou econômico e pode apelar para o leitor a partir das noções de poder, razão ou emoção. Além disso, também pode expressar representações de maneira literal e inferencial e ainda fornecer dicas acerca do seu contexto de produção e recepção.
Lim-fei e Tan (2017) também ressaltam que um texto visual também pode estabelecer relações com seu leitor, o que é feito através da metafunção que chamam de envolvimento e suas categorias de proeminência, direção, poder e intimidade. A proeminência permite a observação de fatores como o tamanho, a nitidez, a iluminação e o contraste de cores. A direção, por outro lado, denota questões relacionadas ao olhar direto, indireto ou a ausência do olhar. Junto a isso, o poder (ou a falta dele) pode ser expresso através de um ângulo alto, baixo ou horizontal. Por fim, a intimidade do texto para com o leitor pode ser estabelecida (ou não) através da proximidade do participante.
Para concluir, a organização textual também pode ser observada com auxílio das categorias de Lim-Fei e Tan (2017). Essa metafunção é chamada de forma e é composta pelo visual e textual. Como afirmam os teóricos, o visual é caracterizado pela exibição principal, o foco de atenção, o ícone e a logo. Em contraste, o verbal é constituído pelo título, marca, texto principal, slogan, nome do produto, lista, entre outros.
A partir de tudo isso, abordo a seguir a maneira que algumas dessas categorias são abordadas na propaganda ‘Vamos Marcar’.
2. ANÁLISE DE UMA PROPAGANDA DE CERVEJAS
Recentemente, a empresa responsável pela cerveja Stella Artois lançou uma propaganda intitulada ‘Vamos Marcar’. Nela, Adriana Esteves e Débora Falabella se reencontram após seu icônico trabalho em Avenida Brasil e conversam sobre o impacto que tiveram na vida pessoal e profissional uma da outra. Ao longo do vídeo, algumas escolhas semióticas podem ser observadas com auxílio das metafunções de Lim-Fei e Tan (2017), sendo assim, elas serão discutidas nos tópicos seguintes.
2.1 A metafunção ‘mensagem’
A partir da imagem 1 denotada abaixo, pode-se inferir que o propósito da propaganda é majoritariamente econômico visto que busca influenciar o consumo da cerveja Stella Artois em um momento especial como o reencontro entre amigos.
Imagem 1: Propósito econômico
Tal propósito é atingido a partir da apelação para o poder e a emoção. A primeira categoria, por exemplo, pode ser vista na Imagem 2, que mostra a participação especial de Adriana Esteves e Débora Falabella, atrizes extremamente renomadas e que trabalharam juntas em uma novela que se estabeleceu como um fenômeno brasileiro. Ao mesmo tempo, a emoção se faz presente pois a propaganda apela para os fãs que gostavam da novela ao mostrar momento de reencontro entre as duas protagonistas, que são amigas e confidentes de longa data. Além disso, como demonstra as imagens 3 e 4, tanto Adriana quanto Débora estão bastante emocionadas por estarem ali.
Imagem 2: Poder
Imagem 3: Emoção
Assim, como atestado pelos prints acima, as representações dos produtores são expressas de maneira inferencial. Nesse sentido, a propaganda denota, através de grandes nomes brasileiros, o quão bom e emocionante pode ser o momento em que amigos marcam de se encontrar e realmente vão. Isso é atestado no contexto de recepção, em que o público se mostrou também feliz com o reencontro. Por exemplo, um usuário do Twitter afirmou: “essa propaganda da Stella Artois com a Débora Falabella e a Adriana Esteves... MEU DEUS, que coisa linda, eu amei” enquanto outra pessoa o classificou como: “Nostálgico e moderno ao mesmo tempo. Trás memórias afetivas. Campanha funcionou.”. No próximo tópico, discuto o envolvimento causado pelo texto.
2.2. A metafunção ‘envolvimento’
Em relação à proeminência da imagem, pode-se perceber logo no início do vídeo (Imagem 5) que existe um contraste de cores entre as roupas das atrizes. Adriana, que era a intensa e má Carminha na novela, usa uma roupa vermelha. Por outro lado, Débora, que era a mocinha, utiliza trajes beges. Portanto, essas escolhas cromáticas sugerem certa conexão com as personagens que elas representaram em Avenida Brasil.
Imagem 4: Contraste de cores
No que diz respeito ao olhar das atrizes, existem 4 momentos principais. Na maior parte do vídeo (Imagem 5) elas conversam e olham apenas para si mesmas - o que sugere que, naquele momento, o observador do vídeo deve contemplar e observar o que está acontecendo entre elas. Na imagem 6, por outro lado, o momento de conversa entra em pausa e Adriana direciona o olhar para alguém da produção. Por fim, na imagem 7, Adriana e Débora olham diretamente para quem está assistindo e demandam que o observador realize a ação de marcar um momento como aquele também.
Imagem 5: Olhar indireto
Imagem 6: Olhar indireto Imagem 7: Olhar direto
Em relação ao poder, as imagens acima denotam o que acontece em todo o vídeo. Ao longo dele, as atrizes sempre são dispostas em um ângulo horizontal, indicando que elas estão no mesmo nível de poder do observador, que simplesmente precisa marcar uma data com seus colegas e consumir uma Stella para se sentir como elas. Por último, os produtores da propaganda fornecem uma grande intimidade ao representar a conversa das atrizes de maneira bem próxima (Imagem 5), permitindo que o leitor observe os mínimos detalhes do que está acontecendo. A seguir, aponto as principais características da forma textual.
2.1 A metafunção ‘forma’
No que diz respeito às características visuais, observa-se que a exibição principal consiste na interação entre Débora e Adriana em uma mesa repleta de comidas e de cervejas Stella Artois, as quais também são o foco de atenção dos observadores (Imagem 8). Junto a isso, a presença do logotipo da marca no lado superior e direito da tela (Imagem 8) ao longo de todo o vídeo indica a empresa responsável pela propaganda.
Imagem 8: Exibição principal, foco e logotipo
Por outro lado, o texto verbal aparece no começo e no final do vídeo. No primeiro momento (Imagem 9), apenas o texto principal aparece como forma de introduzir o que irá acontecer na propaganda. Porém, no final (Imagem 9), pode-se ver a o título da campanha proposta pela empresa. Logo em seguida, o nome da marca aparece acima das atrizes fazendo um brinde.
Imagem 9: Texto verbal no início do vídeo Imagem 10: Texto verbal no final do vídeo
Imagem 11: Nome da marca
3. CONCLUSÃO
Através dessa análise, é possível concluir que diversas estratégias multimodais foram utilizadas pelos produtores da propaganda. Através das categorias de Lim-Fei e Tan (2017), foi possível compreender que esses tipos de textos visuais não são inocentes e sempre buscam conseguir algo do leitor. Nesse sentido, compreender os elementos que os compõem pode ser uma estratégia para lidar com eles no mundo multimodal em que vivemos, onde é necessário interpretá-los criticamente.
4. REFERÊNCIAS
LIM-FEI, V.; TAN, K. Y. S. Multimodal Translational Research: Teaching Visual Texts. In: Seizov, O. & Wildfeuer, J. (eds.). New studies in multimodality: Conceptual and methodological elaborations. London/New York: Bloomsbury, 2017.
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Tchau, tchau e até a próxima!
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