Atividade 2 - Análise multimodal da metafunção 'mensagem'

 

Oie, leitores! Como vão? 

No post de hoje, darei início à parte prática da disciplina com a análise de um texto multimodal feita juntamente à minha dupla Silveline. Mais especificamente, analisamos uma propaganda audiovisual de cerveja através da categoria mensagem proposta por Lim-Fei e Tan (2017). A seguir, discuto a teoria desenvolvida pelos autores e em seguida compartilho a análise.

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A abordagem multimodal de Lim-Fei e Tan (2017)

        Em seu estudo, Lim-Fei e Tan (2017) buscam discutir uma possível abordagem para a análise multimodal e crítica de textos visuais. Para desenvolvê-la, os autores se basearam em trabalhos anteriores - tais como o de O’Toole (2010), Kress e van Leeuwen (2006) e Lim-Fei and O’Halloran (2012). A partir deles e da adaptação das metafunções propostas originalmente por Halliday (1994), Lim-Fei e Tan (2017) fornecem categorias chamadas de mensagem, audiência e forma, as quais permitem que “[...] professores e estudantes descrevam as escolhas realizadas em um texto multimodal”  (LIM-FEI; TAN, 2017, p.1). A seguir, focarei na metafunção mensagem, a qual se relaciona com a retórica aristotélica. 

Definindo a metafunção mensagem 

        De acordo com Lim-Fei e Tan (2017, p.23), nessa metafunção “os alunos identificam o tipo de persuasão (ethos, logos e pathos) usados para chamar a atenção do leitor e discutem os significados literais e inferenciais no texto visual”. Dessa forma, os leitores são influenciados a compreender que elementos são capazes de persuadi-los ao passo que consideram os possíveis significados diretos ou indiretos lá presentes. Em termos gerais, ela é subdividida em propósito, apelativo, representacional e contextual. 

Primeiramente, o propósito serve para que o aluno reconheça que “[...] textos visuais adequam-se ao interesse do produtor/organização: econômico, educacional ou entretenimento” (LIM-FEI; TAN, 2017, p.23). Desse modo, é possível inferir que tais composições podem ter como objetivo vender determinado produto, educar o leitor ou apenas diverti-lo. Os autores ressaltam que mais de um interesse pode está presente no texto, tornando-o “[...] mais atraente e memorável” (LIM-FEI; TAN, 2017, p.26). 

Além disso, também é possível identificar as maneiras de apelar para o público. Para tanto, os autores propõem a subdivisão em poder, razão e emoção. O poder (ethos) é relacionado à figura ou personagem que transmite credibilidade e confiança por meio de seu poder persuasivo. Refere-se à capacidade de uma autoridade respeitada e competente utilizar seu poder de maneira benéfica, a fim de que se alcance algum resultado. Em uma propaganda, por exemplo, serviria para vender algo, convencer de que certo produto está aprovado para consumo, entre outros. Nessas situações, o poder é percebido como uma ferramenta para alcançar resultados positivos e influenciar as pessoas.

Na razão (logos) “o modo de persuasão ocorre no nível racional” (LIM-FEI; TAN, 2017, p.24). É uma estratégia que se baseia em argumentos racionais, evidências e raciocínio lógico para convencer o público-alvo. Ao usar a razão (logos) um orador ou escritor apresenta fatos, estatísticas, exemplos, raciocínios dedutivos ou indutivos e outras formas de argumentação lógica para sustentar sua posição ou argumento. A ideia é fornecer informações sólidas e coerentes que levem o público a concordar ou apoiar a mensagem transmitida. Por fim, a emoção (pathos) é a maneira de “apelar para a emoção da audiência” (LIM-FEI; TAN, 2017, p.24). Em outras palavras, o produtor do texto visual utiliza recursos para causar sentimentos no leitor e consequentemente influenciá-lo a fazer algo. 

Em seguida, Lim-Fei e Tan (2017, p.26) ressaltam que textos visuais “[...] podem conter significados literais e inferenciais”. Como sugerem os nomes, o literal expressa a mensagem de maneira direta enquanto o inferencial necessita de conhecimentos extras como referência. Por fim, dentro do campo da comunicação persuasiva, é crucial considerar o contexto em que a mensagem é transmitida. O contexto inclui elementos como o ambiente físico, o momento histórico, a forma como uma mensagem é moldada e adaptada ao contexto específico pode influenciar sua eficácia persuasiva. 

A partir de tudo isso, analisamos a propaganda audiovisual da cerveja Devassa, a qual  conta com a presença da cantora e atriz Sandy. 

Analisando a metafunção ‘mensagem’ de uma propaganda audiovisual

Em 2011, a empresa de cervejas Devassa lançou uma propaganda que contava com uma participação especial da cantora e atriz Sandy. Nela, a famosa diverte-se bastante em uma festa à medida que mostra preferência pela bebida de tal marca. Com isso, nos questionamos quais significados podem ser produzidos através deste texto multimodal e aplicamos a metafunção ‘mensagem’ para compreendê-los. 

A partir dela, analisamos que o propósito da propaganda é majoritariamente econômico. No primeiro print, Sandy mostra o nome da marca de cerveja logo no começo do vídeo, o que sugere que o objetivo da propaganda é convencer a audiência a comprá-la também. Porém, considerando que Lim-Fei e Tan (2017) ressaltam que podem existir mais de um propósito, também percebemos que o vídeo busca entreter aqueles que o assistem. Por exemplo, o segundo print, mostra Sandy se divertindo "devassadamente" e sem preocupações. 

O poder (pathos) é estabelecido pela presença de Sandy, figura querida em todo o Brasil. Ela que é uma atriz que possui imagem vista como alguém tímida e recatada consome a cerveja Devassa, então não há problemas no telespectador consumir também. Sobre a razão (logos) não possui, pois no vídeo não é possível identificar nenhum fato ou dado estatístico que mostre um histórico bem-sucedido. 

Em relação a emoção (pathos), o vídeo mostra Sandy extremamente feliz e animada em uma situação social que não requer muita seriedade. De fato, como mostra a segunda imagem, ela até mesmo dança em cima do balcão. Sendo assim, o leitor pode desejar consumir a cerveja no intuito de sentir as mesmas sensações de alegria e liberdade expressas por Sandy.

Além disso, acreditamos que a propaganda é uma representação literal visto que expressa a mensagem de maneira direta. Ao consumir uma cerveja, pessoas mais jovens - representadas por Sandy - usualmente festejam de maneira muito animada, assim como ela. Porém, ainda assim é possível fazer inferências, tais como a ideia de que a razão por tal felicidade é a cerveja Devassa. 

A propaganda foi publicada em 04 de março de 2011, pela empresa de cervejas Devassa e divulgada em comerciais na TV e redes sociais. A princípio gerou muita surpresa e foi recebido de forma humorística por se tratar de algo surpreendente não esperado pela Sandy, recebeu muitas críticas e comentários nas redes sociais. A exemplo temos um comentário de um telespectador que demonstrou sua surpresa e ironia por meio dos simbólicos “kkkk” através da seguinte frase: “Todo  mundo tem um lado devassa, até a Sandy…. kkkkkkk”.

Referências

LIM-FEI, V.; TAN, K. Y. S. Multimodal Translational Research: Teaching Visual Texts. In: Seizov, O. & Wildfeuer, J. (eds.). New studies in multimodality: Conceptual and methodological elaborations. London/New York: Bloomsbury, 2017.

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É isso, pessoal! Espero que tenham gostado da leitura e até a próxima!